Translate

Print Friendly and PDF

05 junho 2012

Grandemente pequeninos

A partir da inspiração proveniente da leitura da magnífica obra Pense, de J. Piper, podemos explorar alguns assuntos pertinentes neste texto...
Grandemente pequeninos

 “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento” (1Co 14:20).
“Naquela mesma hora se alegrou Jesus no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve” (Lc 10:21).
Tanto a exortação do apóstolo Paulo aos Coríntios, quanto a própria exaltação alegre de Jesus, relatada no evangelho de Lucas, apontam para a importância da postura humilde, sem vanglória, dos pequeninos, que devem agir como “meninos” na malícia, ou seja, sem maldade, mas precisam ser “adultos” no entendimento da doutrina cristã.
No trecho do evangelho de Lucas (10:21), Jesus não está fazendo diferenciação entre a educação formal (erudita) e a falta de formação acadêmica, mas está fazendo a separação entre aqueles que têm uma postura auto-afirmativa (indepedente) e aqueles que têm uma atitude de dependência e humildade em relação a graça de Deus para revelar as Suas verdades absolutas, de acordo com o beneplácito da Sua vontade soberana.
Pois os pequeninos são alcançados pela graça do Deus Triúno, uma vez que compreendem que não podem salvar-se por conta própria ou por mérito próprio. Enquanto isto, os “sábios e inteligentes” procuram tipicamente a salvação apenas através do seu auto-entendimento da verdade, desta forma, diminuindo e esvaziando a morte redentora de Jesus Cristo na cruz.
Enquanto os pequeninos reconhecem a sua dependência em relação à justificação e santificação, entendendo que vem da Glória do Deus Vivo toda a graça para a obra salvadora, os sábios e doutos, do alto do seu orgulho e autocontemplação, podem tentar gloriar-se a si mesmos através da negação da posição central do nosso Senhor Jesus Cristo na salvação da sua essência humana caída, assim como também caídos pelo pecado são os pequeninos.
O escândalo da cruz é tipicamente ilógico para os sábios que procuram ensimesmar-se em sua própria inteligência e poder do conhecimento. Este mesmo escândalo é mais facilmente compreendido pelos pequeninos, que reconhecem sua pequenez diante da Glória do Senhor, entendendo que apenas pela Sua Graça, Poder e Misericórdia, suas almas poderão ser lavadas pelo sangue do Cordeiro Imaculado, que foi derramado definitivamente na cruz do Calvário.
Nas palavras de G.K. Chesterton, encontradas na obra Ortodoxia, “O poeta espera apenas ter a sua mente nos céus. É o lógico que procura ter os céus em sua mente. E é a sua cabeça que se divide”. A mensagem que parece estar contida neste texto é que o pequenino poeta se satisfaz em elevar a sua mente aos céus através do pensar nas verdades celestiais, em atitude humilde de reconhecimento da dependência da graça do nosso Senhor. Enquanto isto, o ser puramente lógico procura compreender toda a plenitude e a eternidade dos céus apenas através do uso racional da sua mente, sem o reconhecimento da íntegra obra salvífica do Deus Criador. Portanto, como não há nada mais completo do que a plenitude, nem nada mais extenso do que a eternidade, a cabeça do ser lógico se divide ou se parte, pois os céus não cabem nela.
Os pequeninos, portanto, são grandemente abençoados em sua humildade e reconhecimento da soberania e do senhorio de Deus em suas vidas, lembrando-se do que está também registrado na primeira epístola de Coríntios: “Aquele que se gloria glorie-se no Senhor” (1Co 1:31).
Portanto, para ser coerente com a mensagem do evangelho, é melhor ser “grandemente pequenino” na humildade do que ser “pequeninamente grande” no orgulho.
Louvado seja o nosso Deus Criador pela sua incalculável sabedoria e zelo por suas criaturas, ao estabelecer a sua obra de redenção calcada na humilhação do orgulho auto-destrutivo do homem, para que seja glorificado e exaltado apenas o Cristo Redentor, Deus Filho. Amém.