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16 agosto 2012

Ensinando a aprender

O ato de ensinar pode ser acompanhado do ato de aprender, no mesmo sujeito.

Ensinando a aprender

É típico o ser humano se especializar tanto em ensinar, que por vezes, acaba se esquecendo de continuar aprendendo.
O apóstolo Paulo, na carta aos Romanos, chama a atenção para a importância de se dedicar ao dom do ensino (“didaskalia”, do grego): “Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino” (Rm 12:7). O mesmo apóstolo, na mesma carta, também desperta a atenção para a importância do aprendizado: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança” (Rm 15:4).
O ato de ensinar pode ser, algumas vezes, obrigação. Pode ser, muitas vezes, recompensador. Mas pode ser sempre edificante, pois o ato de ensinar pode vir acompanhado sempre de um ato de aprender.
Porém, para o processo de aprendizado do professor funcionar simultaneamente ao ato de ensinar para os seus alunos, precisa haver um esvaziamento de egos e um preenchimento de humildade honesta.
A resistência a este esvaziamento, por parte de quem está na posição de professor, é tamanha por causa do medo do julgamento ou de parecer enfraquecido diante dos alunos. Na verdade, o ato de abrir o canal bilateral do aprendizado, tanto no sentido professor-aluno, quanto no sentido aluno-professor, é um ato libertador, desde que seja feito com profundo respeito de ambos os lados. Este respeito significa, muitas vezes, entender algumas limitações do outro lado e aceitá-las, pois elas podem ser compensadas por outras qualidades do saber.
Como todo processo de aprendizado é um processo de construção, quando o professor (e também o aluno) precisa reavaliar os seus conceitos, muitas vezes tão fortemente arraigados, diante de fatos novos ou de uma nova cosmovisão, precisa haver primeiramente um processo de desconstrução, antes de haver a reconstrução.
Como uma reforma em uma casa, muitas paredes precisam ser derrubadas, para dar espaço a novos ambientes mais úteis e confortáveis que serão construídos, depois de alguma sujeira e bagunça intermediárias no processo.
Algumas dessas paredes podem ser derrubadas com um simples martelo, mas outras precisam de um poderoso guindaste de demolição, por causa da sua resistência.