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18 novembro 2012

Longímano

A "boa mão de Deus" que nos conduz através da história...

Longímano


No capítulo 7 do livro de Esdras, pode ser encontrada a carta do rei Artaxerxes para ele. Segundo os historiadores, o termo “Artaxerxes”, ao invés de um nome, é um título usado para vários reis persas. Particularmente neste capítulo do livro de Esdras, acredita-se tratar do filho do rei Xerxes I, chamado de “Artaxerxes I Longímano”, que reinou sobre a Pérsia entre 464 e 425 A.C.
O termo “Longímano” vem do latim “Longimanus”, que por sua vez, corresponde à palavra grega “Macrocheir”, que segundo o importante historiador grego Plutarco, significa que ele tinha a mão direita maior do que a esquerda. O mesmo historiador também cita que “Artaxerxes Longímano” era “um homem de disposição moderada e cheio de magnanimidade para com todos”.
      Neste ponto, segundo as limitações do meu conhecimento histórico, fiquei na dúvida se este fato registrado, dele ter a mão direita maior que a esquerda, era uma constatação literal, anatomicamente falando, ou apenas uma “figura de linguagem”, apontando para o fato dele ser aparentemente um homem com uma justa destra, “de disposição moderada e cheio de magnanimidade para com todos”. Ou então, se ambas as definições estão corretas.
      Voltando ao contexto do capítulo 7, Esdras era descendente de Arão (versículos 1 a 5), tendo este sido o primeiro sumo sacerdote levita da história, irmão de Moisés. Esdras era “escriba versado na Lei de Moisés, dada pelo Senhor, Deus de Israel; e, segundo a boa mão do Senhor, seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe concedeu tudo quanto lhe pedira” (vs. 6). A missão de Esdras, abençoada pela “boa mão do Senhor” que estava sobre ele (vs. 6, 9 e 28), foi levar de volta para Jerusalém o povo de Deus exilado na Babilônia.
      As palavras do rei “Artaxerxes I Longímano”, na carta com seus decretos para Esdras em sua missão, podem ser encontras nos versículos 11 a 26. No versículo 28 está registrado o agradecimento de Esdras, pela evidente ação do Senhor, que “moveu o coração do rei”, tendo este sido muito “Longímano”, concedendo à comitiva liderada por Esdras, para retorno a Jerusalém, muitas riquezas e presentes para a reconstrução do templo do Senhor, como pode ser visto, por exemplo, ao longo da carta do rei Artaxerxes.
      O capítulo 8 começa com a lista das famílias que voltaram da Babilônia com Esdras (vs. 1 a 14). Em seguida, ele convoca os levitas, para ajudarem no ministério da casa do Senhor (templo em Jerusalém). Novamente, a “boa mão de Deus” (vs. 18) conduzia a convocação dos levitas.
      Diante da enorme responsabilidade de Esdras em conduzir não somente aquele numeroso povo de Deus, mas também inúmeras riquezas concedidas pela “boa mão do Senhor” no reino da Babilônia, Esdras apregoa “um jejum junto ao rio Aava” (vs. 21), para pedir a Deus por uma “jornada feliz”. 
     A justificativa de Esdras para fazer o jejum e a oração, encontrada no versículo 22, é de fazer pensar todo o cristão que se julga temente a Deus: “Porque tive vergonha de pedir ao rei exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo no caminho, porquanto já lhe havíamos dito: ‘A boa mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas a sua força e a sua ira, contra todos os que o abandonam’”.
      O relato Bíblico continua, no versículo 23, da seguinte forma: “Nós, pois, jejuamos e pedimos isto ao nosso Deus, e ele nos atendeu”. E a prova de que Deus atendera ao pedido do seu povo, continuando com a sua “boa mão” estendida sobre eles, está registrada no versículo 31: “Partimos do rio Aava, no dia doze do primeiro mês, a fim de irmos para Jerusalém; e a boa mão do nosso Deus estava sobre nós e livrou-nos das mãos dos inimigos e dos que nos armavam ciladas pelo caminho”.
      O povo de Deus, tendo observado tantas bênçãos concedidas pela “boa mão do Senhor”, que “moveu o coração do rei” Artaxerxes I, o Longímano, naquela margem do rio Aava, teve vergonha de solicitar uma escolta armada (“exército e cavaleiros”) para levá-los de volta, em segurança, para a sua terra (Jerusalém), pois já tinham dado testemunho público de que a “boa mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam”.
      Será que, como cristãos, temos tido oportunidades de honrar e glorificar o Santo Nome do Nosso Senhor, particularmente em ocasiões de testemunho público, quando os holofotes do mundo estão apontados para o povo de Deus ?
      Podemos imaginar o que se passou na cabeça do pobre Esdras, diante da monumental responsabilidade de conduzir, em segurança, o povo de Deus que estava exilado na Babilônia, de volta para Jerusalém, para louvar e glorificar a Deus em Sua casa, no Seu templo reconstruído. Será que Esdras, diante daquele numeroso povo e daqueles múltiplos bens e presentes concedidos para a caravana do povo de Deus, não pensou sequer nenhuma vez em solicitar a escolta para o rei Artaxerxes ? Afinal de contas, o rei já tinha se provado “Longímano”, com uma destra justa e benevolente, com o coração movido pelo Senhor, e provavelmente atenderia ao pedido de Esdras.
Mesmo que Esdras e seus compatriotas tenham sentido a tentação de contarem com a proteção do reino da Babilônia, eles sabiam que essa proteção era humana e que não poderia superar, jamais, a proteção e o cuidado divinos concedidos pela “boa mão” do Rei dos reis, a destra do Senhor Deus Soberano (ver Salmos 20:6; 44:3; 63:8; 98:1; 118:15-16; 139:10), que os estava conduzindo nesta jornada de peregrinação para casa.
      Graças te damos, nosso Senhor, por nos conduzir de maneira justa e amorosa, pelo poder da Tua “boa mão”, por esta jornada de peregrinação cristã, nos encaminhando, em caravana, para a realidade pujante do Monte Sião, a cidade do Deus Vivo, a Jerusalém celestial (Hebreus 12:22).
      Amém.