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28 junho 2013

Institutas 6

"Mas, primeiro, deve-se observar que ter sido feito da terra e de barro põe um freio à sua soberba, porque nada é mais absurdo que se gloriarem de sua excelência aqueles que não só habitam em tugúrios de barro, mas são eles próprios provenientes da terra e das cinzas. Contudo, por Deus ter considerado digno animar um vaso de barro, e também por tê-lo feito morada de um espírito imortal, Adão pôde gloriar-se, justamente por tanta generosidade do seu Criador."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XV, parágrafo 1)

"Portanto, para a conveniência do presente tratado, sustentemos que a alma humana consista em duas partes, sendo elas o intelecto e a vontade. O ofício do intelecto é discernir as coisas propostas de modo que reconheça o que deve ser aprovado e o que deve ser desaprovado; o ofício da vontade, por sua vez, é eleger e seguir o que o entendimento ditou como bom e rejeitar e evitar o que ele desaprovou.... o intelecto é como um condutor e governador da alma, que a vontade sempre considera seu gesto e espera pelo seu juízo em relação aos desejos."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XV, parágrafo 7)

"Não há entre as criaturas força mais admirável e ilustre do que o sol, pois além de iluminar todo o orbe com seu fulgor, o quanto não dá do vigor e favorece todos os animais com seu calor? E com seus raios insufla fecundidade na terra? E, tendo aquecido as sementes nela colocadas, daí ergue as ervas verdejantes, as quais, supridas de novos alimentos, firma e aumenta, até que cresçam em hastes? E as alimenta com perpétuo alento, até que floresçam, e, da flor ao fruto, o qual sazona até amadurecer? E igualmente as árvores e vinhas por ele aquecidas, primeiro despontam e produzem folhas, e daí a flor, e da flor o fruto?"
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XVI, parágrafo 2)

"Afirmamos que o céu e a terra e as criaturas inanimadas, e também os desígnios e as vontades dos homens são governados pela providência e diretamente dirigidos peara seu escopo. Então, se me perguntam, nada é fortuito, nada acontece por contingência? Respondo como Basílio, o Grande [Basílio. Homilia in Psalmum], para quem 'fortuna' e 'acaso' são termos dos povos, de cuja significação não se deve ocupar a mente dos homens piedosos.... Também disse Agostinho que aquilo que, porventura, vulgarmente se designa Fortuna é regido por uma ordem oculta, e se há as coisas que chamamos de casuais é porque desconhecemos sua razão e causa."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XVI, parágrafo 8)

"É a mesma razão quanto aos futuros contingentes. Todas as coisas futuras são tão incertas para nós que permanecemos em suspenso quanto a se penderão para um lado ou para outro. Mas permanece fixo em nosso coração que nada acontecerá sem que o Senhor tenha previsto."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XVI, parágrafo 9)

23 junho 2013

Quanto mais

“Então, Ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” (2 Coríntios 12:9-10)

Quanto mais fracos e incapazes nos sentimos, mais fortalecidos pela graça nós somos...
Quanto mais conscientes da graça nós formos, mais gratos seremos pelo amor gratuito de Deus...
Quanto mais gratos nós estivermos, mais humildes nos apresentaremos diante da Majestade do Senhor...
Quanto mais humildes nos apresentamos, mais convictos estaremos de nossas fraquezas e incapacidades...
Quanto mais fracos e incapazes nos sentimos...

“Eu te amo, ó Senhor, força minha. O Senhor é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte.” (Salmos 18:1-2)


16 junho 2013

Institutas 5

"Na própria ordem das coisas, é considerado o amor paterno de Deus com o gênero humano, que não criou Adão antes que a terra fosse enriquecida em abundância de coisas boas. Pois, se o tivesse colocado na terra estéril e vazia, se desse a vida antes da luz, ver-se-ia qu epouco teria considerado o que era útil para ele. Mas, ao dispor o movimento do sol e dos astros a serviço do homem, encheu a terra, as águas e os ares com animais; produziu em abundância todos os frutos que serviriam de alimento, tomando o cuidado de um pai de família providente e diligente, ostentou diante de nós sua admirável bondade."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XIV, parágrafo 2)

"E assim criou o céu e a terra com a mais plena abundância de todas as coisas, pela variedade e beleza, como se tivesse ornado admiravelmente uma ampla e esplêndida morada, ao mesmo tempo mobiliada e repleta do mais excelente e copioso. Por fim, ao dar forma ao homem, tocando-o com tanto brilho, tornando-o insigne com todos e tantos dons, fez dele o espécime mais notável de suas obras."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XIV, parágrafo 20)

"Um exemplo da primeira parte do que dissemos é considerarmos quão grande foi o artífice que ordenou e preparou essa multidão de estrelas que está no céu, tendo-as disposto em tal série que não se possa imaginar algo com aspecto mais brilhante; a umas inseriu e fixou em tais posições que não se pudessem mover; a outras, concedeu um caminho mais livre, mas que vagando, não ultrapassassem seu espaço; e combinou de tal modo o movimento de tudo que mediu os dias e as noites, os meses, os anos e as estações do ano, e ainda dispôs essa desigualdade dos dias, que discernimos continuamente, numa combinação tal que nada possui de confuso. Assim também, quando observamos a potência ao sustentar tão vasta massa, ao governar tão célere revolução da máquina celeste, e outras coisas semelhantes. Com efeito, esses poucos exemplos declaram de forma suficiente o que significa reconhecer as virtudes de Deus na criação do mundo. Além do mais, se agradasse discorrer sobre toda essa matéria, não haveria limite, como eu disse, pois  são tantos os milagres do poder divino, tantas as insígnias de bondade, tantos os exemplos de sabedoria, quantas são as espécies das coisas que estão no mundo, ou melhor, quantas são as coisas, quer sejam grandes ou pequenas."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XIV, parágrafo 21)

"Por fim, para encerrar, todas as vezes que nomearmos Deus criador do céu e da terra, venha-nos à mente que a distribuição de tudo que Ele criou está em suas mãos e em seu poder, e nós somos seus próprios filhos, os quais acolheu para alimentar e educar em sua fé e custódia; para que esperemos somente d'Ele o sumo de todos os bens e com segurança esperemos que Ele nunca nos deixará faltar as coisas necessárias à nossa salvação; para que a nossa esperança não dependa de outro; para que, em tudo o que desejarmos, dirijamos a Ele os nossos votos, e reconheçamos ser de seu benefício o fruto de cada coisa que recebemos, e o declaremos com ação de graças, para que atraídos por tamanha suavidade de bondade e beneficência, zelemos por amá-lo e honrá-lo de todo o coração."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XIV, parágrafo 22)

14 junho 2013

Institutas 4

"De fato, está completamente fora do alcance das criaturas o que a Escritura atribui ao Espírito: e nós mesmos aprendemos uma certa experiência da piedade. Ele é aquele que, difuso em todas as partes, a tudo sustenta, vigora e vivifica, no céu e na terra. Por isso mesmo, excede a todas as criaturas, visto não ser cincunscrito por nenhum fim, mas transfundido em tudo o seu vigor, inspira neles a essência, a vida e o movimento, o que claramente é divino."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XIII, parágrafo 14)

"Os vocábulos Pai, Filho e Espírito certamente insinuam uma distinção, para que ninguém considere que sejam meros epítetos pelos quais Deus seja designado por suas obras, mas é uma distinção, não uma divisão."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XIII, parágrafo 17)

"Com perspicácia, Agostinho explica  a causa dessa diversidade noutro lugar, quando fala: 'O Cristo é dito Deus quanto a si; quanto ao Pai, é dito Filho. E, em contrapartida, o Pai quanto a si é dito Deus; quanto ao Filho, é dito Pai. O que é dito Pai quanto ao Filho não é o Filho, o que é dito Filho quanto ao Pai, não é o Pai, o que é dito Pai quanto a si e Filho quanto a si, é o mesmo Deus'."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XIII, parágrafo 19)

"De fato, de que modo a mente humana, quanto à sua medida, definiria a imensa essência de Deus se nem pode estatuir ao certo qual seja o corpo do Sol, ao qual, no entanto, vê cotidianamente com os olhos? Ou melhor, de que modo, por si só, penetrará no exame da substância de Deus aquela que minimamente alcança a sua própria? Portanto, deixemos livre para Deus o conhecimento de si. Na verdade, somente Ele, como diz Hilário [Hilário,'Sobre a Trindade', I], é o único testemunho de si, o qual não é conhecido a não ser por Si."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo XIII, parágrafo 21)

12 junho 2013

Pai generoso

“Amo o SENHOR, porque ele ouve a minha voz e as minhas súplicas.
Porque inclinou para mim os seus ouvidos, invocá-lo-ei enquanto eu viver...
... Compassivo e justo é o SENHOR; o nosso Deus é misericordioso.
O SENHOR vela pelos simples; achava-me prostrado, e ele me salvou.
Volta, minha alma, ao teu sossego, pois o SENHOR tem sido generoso para contigo.
Pois livraste da morte a minha alma, das lágrimas, os meus olhos, da queda, os meus pés.
Andarei na presença do SENHOR, na terra dos viventes...
... Que darei ao SENHOR por todos os seus benefícios para comigo?
Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do SENHOR...
... Oferecer-te-ei sacrifícios de ações de graças e invocarei o nome do SENHOR.
Cumprirei os meus votos ao SENHOR, na presença de todo o seu povo,
nos átrios da Casa do SENHOR, no meio de ti, ó Jerusalém. Aleluia!” 
(Salmos 116:1-2, 5-9, 12-13, 17-19)

O ser humano tem dificuldade para compreender, na plenitude, a generosidade gratuita.
Se algum pai zeloso disser ao filho “eu te amo”, o filho responderia “então me prove”?
As provas já não são bastante evidentes? Muitas vezes nem nos damos conta delas...
“Volta, minha alma, ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo. Pois livraste da morte a minha alma, das lágrimas, os meus olhos, da queda, os meus pés”.
Graças Te dou, Pai generoso, pelas obras das Tuas mãos, desde a eternidade.
Pergunta: Como retribuirei por todos os Seus benefícios? 
Resposta: Apenas tomando e aceitando o cálice gratuito da salvação, repleto do sangue redentor e purificador derramado por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o Filho Primogênito de Deus Pai (Romanos 8:28-29).

“Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o Teu Nome; venha o Teu reino; faça-se a Tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal. 
[Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém]!” (Mateus 6:9-13).


08 junho 2013

"Filosofia para iniciantes"

Trecho extraído do capítulo final do instrutivo e edificante livro "Filosofia para iniciantes", escrito por R. C. Sproul:

"Agora que estou chegando ao crepúsculo da minha vida, estou convicto de que Gilson (Etienne Gilson) está fundamentalmente certo. Precisamos reconstruir a síntese clássica pela qual a teologia natural faz a ponte entre a revelação especial das Escrituras e a revelação geral da natureza. Essa reconstrução poderia acabar com a guerra entre ciência e teologia. A pessoa que pensa poderia abraçar a natureza sem adotar o naturalismo. Toda a vida, com sua unidade e diversidade, poderia ser vivida coram Deo, perante a face de Deus, sob sua autoridade e para a sua glória."

04 junho 2013

Institutas 3

"... Então, na verdade, nossos corações mais solidamente se fortificam quando consideramos que a admiração se eleva em nós mais pela dignidade das coisas que pela graça das palavras. Também não foi feito sem a exímia providência de Deus que os mistérios sublimes do reino celeste fossem transmitidos, em boa medida, por palavras de desprezível humildade, porque, se fossem ilustrados pela mais brilhante eloquência, os ímpios cavilariam que somente a força dela reina ali. Mas, se essa simplicidade, inculta e quase rude, suscita maior reverência que qualquer eloquência retórica, o que podemos pensar a não ser que é tal a força da verdade da sagrada Escritura que dispensa qualquer artifício de palavras?"
"... Em suma, aqueles para os quais a doutrina é insípida devem ser considerados carentes de paladar."
"... Além disso, João, trovejando sublime, derruba, mais forte que o raio, a obstinação daqueles que não são compelidos à fé. Que esses censores espertos exponham-se aos olhos de todos, pois sua maior vontade é abater a reverência à Escritura, em seu coração e no de outros; que leiam o Evangelho de João, ali descobrirão, queiram ou não, mil sentenças que ao menos lhes perturbarão a apatia, que lhes queimarão na consciência como horrível cautério, para coibir-lhes o riso."
"... Então, realmente, a Escritura será satisfatória para o conhecimento da salvação de Deus quando a certeza a respeito dela tiver sido fundada na persuasão interior do Espírito Santo."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo VIII, parágrafo 1)

"Como em um nó mútuo, o Senhor uniu entre si a certeza da sua palavra com a do Espírito, para que uma sólida religião incida em nossa alma quando resplandecer o Espírito que nos faz contemplar a face de Deus, de modo que abracemos o Espírito sem nenhum medo de nos equivocarmos quando o reconhecermos em sua imagem, isto é, no Verbo."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo IX, parágrafo 3)

"O conhecimento de Deus que nos é proposto na Escritura não se destina a outro fim que não o de brilhar impresso nas criaturas: com efeito, primeiro nos convida ao temor, depois à confiança, para que aprendamos a louvá-lo com uma inocência perfeita de vida e com uma obediência não simulada, para, assim, dependermos totalmente de sua bondade."
(João Calvino, Livro 1, Capítulo X, parágrafo 2)

"Ministrando como o Mestre"

Trechos do livro "Ministrando como o Mestre", de Stuart Olyott:

"Como você, eu sou uma criatura e um pecador. Sei que nunca posso ter autoridade igual àquela do Filho de Deus. Em mim mesmo não sou mais forte hoje do que no dia da minha conversão, e duvido que seja muito mais sábio também. Frequentemente caio em pecado e sou repetidamente envergonhado pela minha própria tolice. Meu coração é afligido com orgulho, e também com um grande número de pecados que estou apenas começando a detestar como deveria. Neste mundo, e até mesmo no porvir, é impossível que viesse a ter autoridade como aquela do Filho de Deus."

"... Entretanto, embora os critãos trilhem uma estrada estreita, nunca têm de percorrê-la sozinhos. As dificuldades que eles encontram são reais e geralmente magoam, mas o jugo que os crentes carregam não está apenas nos seus ombros, pois Cristo carrega a parte mais pesada. Cristãos também derramam lágrimas e elas são tão salgadas quanto as de outras pessoas; mas há um lugar secreto para onde eles sempre podem ir a fim de serem consolados."