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24 novembro 2013

Reino invisível

É difícil crer no Reino de Deus, porque ele é invisível a olho nu?
Então também é difícil crer nos átomos, pois também são invisíveis a olho nu...
É difícil crer no Reino de Deus, porque ele é inodoro?
Então também é difícil crer na água, pois também é inodora...
É difícil crer no Reino de Deus, porque ele é imperceptível ao tato?
Então também é difícil crer no ar que respiramos, pois ele também é normalmente imperceptível ao tato...
É difícil crer no Reino de Deus, porque o ser humano tipicamente só experimenta os seus efeitos revelados no mundo visível?
Então também é difícil crer no sol, pois apesar dele não estar ao alcance humano, seus efeitos (calor e luz) são perceptíveis e visíveis...
Contudo, alguém consegue viver, ou sequer existir, sem os átomos, a água, o ar e o sol?

O apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos de Colossos: “Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude” (Colossenses 1:15-19).
O autor da carta aos Hebreus, escrevendo sobre Moisés: “Pela fé, ele abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do rei; antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível” (Hebreus 11:27).


23 novembro 2013

Deposito em Ti

A minha humanidade... Eu a deposito na Tua criação.
A minha dúvida... Eu a deposito na Tua certeza.
A minha angústia... Eu a deposito no Teu bálsamo.
A minha necessidade... Eu a deposito na Tua provisão.
A minha sede... Eu a deposito na Tua água viva.
A minha fome... Eu a deposito no Teu maná celestial.
A minha soberba... Eu a deposito na Tua humildade.
A minha pequenez... Eu a deposito na Tua grandiosidade.
A minha ignorância... Eu a deposito na Tua onisciência.
A minha fraqueza... Eu a deposito na Tua onipotência.
A minha ânsia por Ti... Eu a deposito na Tua onipresença.
A minha esperança... Eu a deposito no Teu amor.
A minha redenção... Eu a deposito na Tua misericórdia.
A minha segurança... Eu a deposito na Tua soberania.
A minha eternidade... Eu a deposito nas Tuas mãos.
Eu deposito em Ti a minha confiança, Senhor!
Louvado seja o Teu Nome!
Amém.

Link para o texto em PDF aqui.

20 novembro 2013

Institutas 19

"E é digna de ser lembrada a admoestação de Bernardo de que o nome de Jesus não seja apenas luz, mas alimento, que seja também o óleo, sem o qual é seco todo o alimento da alma, que seja o sal, sem o qual fica sem tempero tudo o que é proposto, e, por fim, mel para a boca, música para os ouvidos, júbilo para o coração, e ainda remédio e tudo o que se disputa seja insosso a não ser que ressoe aquele nome [Bernardo, Sermão 15, Sobre o Cântico dos Cânticos, 15, 6, PL 183, 340s]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XVI, parágrafo 1)

"De fato, para que isso seja mais firmemente estabelecido entre aqueles que requerem o testemunho da Igreja antiga, citarei uma passagem de Agostinho em que ensina o mesmo: 'Incompreensível e imutável é a dileção de Deus'. 'De fato, não começa a ter dileção por nós a partir da reconciliação com Ele por meio do sangue de Seu Filho, mas manifestou essa dileção antes da constituição do mundo, para que também nós fossemos filhos com seu Unigênito, absolutamente antes de sermos algo. Portanto, somos reconciliados pela morte de Cristo, não de modo que Ele, desde a reconciliação por meio do Filho, começasse então a amar aqueles a quem odiava, mas fomos reconciliados já sob a dileção daquele com o qual, em razão de nossos pecados, nutríamos inimizade. Se o que digo for verdade, que o ateste o apóstolo: "Recomenda sua dileção por nós, pois, dado que ainda fossemos pecadores, Cristo morreu por nós" [Romanos 5:8]. Assim, ele teve caridade conosco mesmo que, exercendo a inimizade contra ele, realizássemos a iniquidade. Por isso nos tinha dileção de um modo admirável e divino, mesmo quando nos abominava: odiava em nós aquilo que ele não fizera, mas, uma vez que nossa iniquidade não esgotou por completo sua obra, sabia tanto odiar em cada um de nós aquilo que fizéramos quanto amar em cada um de nós o que ele fizera' [Agostinho, Tratado sobre o evangelho de João, 110, 6. PL 35, 1923s]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XVI, parágrafo 4)

"Então, reconheçamos com confiança (como Ambrósio ensina com verdade) que, a não ser que nos envergonhe a cruz, a tristeza seja conveniente a Cristo [Ambrósio, Expositio Evang. sec. Lucam X, 56-62]. E, a menos que a alma fosse partícipe da pena, teria sido apenas um redentor para os corpos. Ora, foi preciso que lutasse para levantar os que jaziam prostrados. E tanto não é em nada afastado de sua glória celeste por isso que nunca é suficientemente louvada a bondade que refulge de não se ter recusado a receber em si nossas fraquezas. Donde também a consolação daquelas ansiedades e dores a nós proposta pelo apóstolo: 'Por isso o Mediador experimentou nossas fraquezas: para que fosse mais propenso a socorrer as misérias' [Hebreus 4:15]."
"Portanto, não há porque nos assustarmos com a debilidade de Cristo, à qual se sujeitou, não coagido pela violência ou pela necessidade, mas somente pelo amor e misericórdia de que, por nós, se reveste. Ora, tudo o que sofreu espontaneamente em nosso favor, em nada diminui sua força. Porém, esses detratores falham numa coisa: não reconhecem que a fraqueza em Cristo seja pura e vazia de todo vício e mancha, uma vez que Ele se manteve entre os limites da obediência. Pois, uma vez que a moderação não pode ser vista na depravação de nossa natureza, em que todas as afeições são excedidas com turbulenta impetuosidade, por essa fita medem erroneamente o Filho de Deus."
"E é esta nossa sabedoria: sentir integramente quanto custou ao Filho de Deus a nossa salvação."
"O que  ensina aquela celebre invocação, na qual clamou ante a violência da dor, 'Meu Deus, ó meu Deus, por que me abandonastes?' [Mateus 27:46]? Pois, ainda que sobremaneira angustiado, não deixou de chamar de seu o Deus do qual exclama estar afastado."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XVI, parágrafo 12)

"Tanto dista que Cristo se tenha elevado ao tribunal para nossa condenação que surge a eminente consolação de que o Juízo esteja nas mãos daquele que já nos tinha destinado para si como consortes na honra do julgamento. Como perderia o povo o seu Príncipe clementíssimo? Como a Cabeça dissiparia os seus membros? Como o Advogado condenaria seus clientes? Pois se o apóstolo ousou exclamar 'Com a intercessão de Cristo, não pode haver quem condene' [Romanos 8:33], é muito mais verdadeiro que Cristo, o próprio intercessor, não haverá de condenar aqueles que recebe em sua fé e proteção. Com certeza não é pouca segurança que não nos apresentemos a outro tribunal que o de nosso redentor, de quem a salvação deve ser esperada [cf. Ambrósio, Sobre Jacó e a vida bem-aventurada, I, c.6]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XVI, parágrafo 18)

"Se é buscada a salvação, pelo próprio nome de Jesus somos ensinados em poder de quem ela está [1Coríntios 1:30], se quaisquer outros dons do Espírito serão encontrados em sua unção; se a fortaleza, em seu domínio; se a pureza, em sua concepção; se a indulgência, em seu nascimento: ele profere que em tudo se fez semelhante a nós para aprender a se condoer [Hebreus 2:17]; se a redenção, em sua paixão; se a absolvição, em sua condenação; se a remissão da maldição, em sua cruz [Gálatas 3:13]; se a satisfação, em seu sacrifício; se a purgação, em seu sangue; se a reconciliação, na Sua descida aos infernos; se a mortificação da carne, em seu sepulcro; se a novidade da vida, em sua ressurreição; se a imortalidade, nela mesma; se a herança do reino celeste, em sua entrada nos céus; se o socorro, se a segurança, se a abundância e a faculdade de todos os bens, em seu reino; se a esperança segura do Juízo, no poder de julgar a ele transmitido. E, por fim, n'Ele estão os tesouros de todo o gênero de bens dos quais emana a saciedade, não em outro lugar."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XVI, parágrafo 19)

"Concluímos disso que não tivesse um motivo próprio, o que ele afirma claramente ao dizer 'por eles me santifico' [João, 17:19]. E assim atesta que não adquire nada para si aquele que transfere para os outros o fruto de sua santidade. E por certo isto merece máxima observância: que Cristo, para se consagrar completamente à nossa salvação, de certo modo se esqueceu de Si."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XVII, parágrafo 6)

18 novembro 2013

Institutas 18

"Quando se diz que o Verbo foi feito carne [João 1:14], não se deve entender que ou tivesse se convertido em carne ou tivesse sido confusamente misturado à carne, mas, tendo tomado para si, desde o ventre da Virgem, um templo no qual habitaria, de modo que aquele que era Filho de Deus, foi feito Filho do Homem; não por uma confusão da substância, mas pela unidade da pessoa. Assim asseverarmos que de tal maneira está unida a divindade com a humanidade, que cada uma retém integralmente suas propriedades, e, sem dúvida, ambas constituem Cristo."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XIV, parágrafo 1)

"E de fato, a nós, que somos regenerados na nova vida, é dignado o nome de filhos de Deus, mas o nome de verdadeiro e unigênito é conferido apenas a Cristo. Ora, de que modo seria único em meio a tantos irmãos a não ser que possuísse uma natureza que nós recebemos por dom?"
"Concedam então ser necessário que, tal como recebeu da mãe a causa pela qual é chamado Filho de Davi, assim tem do Pai a causa pela qual é Filho de Deus, e com isso é distinto e de uma natureza diferente da humana. A Escritura, em vários pontos, adorna-o com um duplo nome, chamando-o por vezes de Deus, por vezes de Filho do Homem; o segundo nome não poderia ter sido a Ele aplicado se não fosse do costume da língua hebraica ser dito 'filho do homem' o que é da descendência de Adão."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XIV, parágrafo 6)

"Portanto, para que a fé encontre em Cristo a matéria sólida da salvação, e assim n'Ele descanse, deve-se estabelecer o princípio de que conste de três partes o ofício a ele imposto pelo Pai, pois foi dado como Profeta, Rei e Sacerdote."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XV, parágrafo 1)

"De que então nos adiantaria sermos recolhidos sob o império de um rei celeste se não soubéssemos que seu fruto é estabelecido para além da vida eterna? Por isso, cumpre saber que tudo o que é prometido em Cristo para a nossa felicidade não subsiste em comodidades exteriores, para que levemos uma vida alegre e tranquila, para que tenhamos recursos em abundância, para que estejamos seguros de todo mal e gozemos das delícias que a carne costuma esperar, mas reside naquilo que é próprio da vida celeste. Ora, assim como no mundo o estado próspero e desejável de um povo está contido, em parte, na abundância de todos os bens e na paz doméstica e, em parte, em defesas válidas pelas quais esteja protegido contra a violência exterior, assim também Cristo locupleta os seus com tudo o que é necessário para a salvação eterna das almas, e os provê com a força pela qual permanecem inexpugnáveis contra qualquer ataque dos inimigos espirituais. Donde concluímos que Ele reina mais para nós que para si, interior e exteriormente, para que, repletos dos dons do Espírito, dos quais somos naturalmente vazios, conforme Deus considera convenientes, sintamo-nos verdadeiramente unidos ao Senhor para a perfeita bem-aventurança."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XV, parágrafo 4)

"De fato e em especial no respeitante à vida celeste, não há em nós uma gota de vigor senão quando a instila o Espírito Santo, que escolhe Cristo como sede, para que d'Ele jorrem com abundância para nós os dons celestes dos quais somos tão carentes."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XV, parágrafo 5)

"Logo, Cristo sustenta a pessoa do sacerdote, tanto para, pela eterna lei da reconciliação, tornar o Pai favorável e propício a nós como para nos acrescentar à sociedade de tamanha honra [Apocalipse 1:6]. Pois ainda que poluídos quanto a nós, n'Ele somos sacerdotes, oferecemos a nós e a tudo o que é nosso para Deus e ingressamos livremente no santuário celeste, para que sejam agradáveis e de bom olor diante de Deus os sacrifícios que provém com preces e louvores."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XV, parágrafo 6)

13 novembro 2013

Institutas 17

"Foi sobremaneira necessário que aquele que haveria de ser nosso Mediador fosse verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Se se indagar acerca da necessidade, certamente não foi simples nem absoluta, como se costuma dizer, mas emanou de um decreto celeste, do qual dependia nossa salvação. Tudo o mais que nos era útil e bom, estabeleceu o Pai clementíssimo. Como nossas iniquidades interpuseram-se entre nós e Ele, tal qual nuvens que nos afastassem irrevogavelmente do reino dos céus, ninguém, a não ser aquele que a Ele alcança, poderia ser um intérprete para a restituição da paz. Ora quem o alcançaria? Acaso algum desde os filhos de Abraão? Como, se todos eles, inclusive seu pai, tinham pavor da visão de Deus? Algum dos anjos? Mas também eles tinham necessidade de uma Cabeça, por cuja união aderissem sólida e indissoluvelmente a seu Deus. O que então? Era certamente um caso a ser lamentado a não ser que a própria majestade de Deus descesse até nós, uma vez que o ascender não nos cabia. Assim, foi preciso que o Filho de Deus fosse feito para nós um Emanuel, um 'Deus conosco', de tal maneira que, por uma conjunção mútua, sua divindade e natureza divina fossem reunidas entre si."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XII, parágrafo 1)

"O que se torna ainda mais claro diante da consideração de quanto não foi vulgar que exercesse o papel de Mediador; com efeito, restitui-nos de tal modo na graça de Deus que nos transformou, de filhos do homem, em filhos dele, de herdeiros de geena, em herdeiros do reino celeste. Quem teria tal poder, a não ser que o Filho de Deus fosse feito também filho do homem e recebesse o que é nosso para transferir para nós o que é seu? E o que erra seu por natureza, fazer nosso pela graça? Portanto, baseados nesse penhor, confiamos que somos filhos de Deus, uma vez que o Filho de Deus se apropriou de um corpo natural como o nosso corpo, de carne da nossa, de ossos dos ossos, para que fosse o mesmo que nós."
"... foi sobremaneira útil para essa causa que fosse tanto verdadeiro Deus como homem aquele que haveria de ser nosso futuro redentor. Cabia a Ele absorver a morte: quem o poderia senão a vida? Cabia a Ele vencer o pecado: quem o poderia senão a própria justiça? Cabia a Ele abater os poderes do mundo e dos ares: quem o poderia senão o que é superior em força tanto ao mundo como ao ar? Na posse de quem está a vida, ou a justiça, ou o império do céu e das potestades, senão somente em poder de Deus? Portanto, o clementíssimo Deus fez a si na pessoa do unigênito, o nosso Redentor, quando nos quis redimidos."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XII, parágrafo 2)

"Por fim, dado que nem Deus sozinho possa experimentar a morte, nem o homem possa sozinho superá-la, associou a natureza humana com a divina, para submeter a debilidade daquela à morte, para a expiação dos pecados, mantendo com a força desta a luta com a morte, para adquirir para nós a vitória."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XII, parágrafo 3)

"Por seu exemplo, exorta-nos à submissão, porquanto, sendo Deus, poderia propor imediatamente para o mundo sua claríssima glória, e no entanto abandonou o que era de seu direito e espontaneamente esvaziou-se a si, porque, vestindo a imagem de servo e satisfeito com aquela humildade, admitiu esconder com o véu da carne sua divindade [Filipenses 2:5-7]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XIII, parágrafo 2)

12 novembro 2013

A casa do meu Pai

Refletindo humildemente sobre a verdade de uma realidade sublime...

"Espelho, espelho meu"

Espelho, espelho meu, existe alguém mais justo do que eu...
...Poderia dizer um “fariseu” (ver Lucas 18:9-14 ou Mateus 23).
Espelho, espelho meu, existe alguém mais pecador do que eu...
...Poderia dizer um falso piedoso.
Espelho, espelho nosso, estamos sendo transformados, de glória em glória?
Diz o apóstolo Paulo aos coríntios: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Coríntios 3:18).
O mesmo apóstolo Paulo, diz aos romanos: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2).


08 novembro 2013

Institutas 16

"... Se a alguém interessar, podemos ainda dar esta definição: que o Antigo Testamento do Senhor era apresentado envolto numa observação obscura e ineficaz das cerimônias e, por isso mesmo, tinha caráter temporário, estando como que em suspenso até que, apoiado por uma confirmação firme e substancial, fosse enfim feito novo e eterno, depois de consagrado e estabelecido pelo sangue de Cristo. Donde o Cristo chamar o cálice que oferece na Ceia aos discípulos de 'cálice do Novo Testamento em seu sangue' [Mateus 26:28], significando que constasse sua verdade, pela qual o Testamento de Deus se fez novo e eterno ao ser selado com o seu sangue."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 4)

"... Por isso, Paulo marca essa tenuidade do entendimento com a palavra 'puerícia', a qual o Senhor quis que exercitassem com os elementos deste mundo e com pequenas observações exteriores, como se fossem regras de uma disciplina infantil, até que brilhasse o Cristo, por intermédio de quem seria preciso que o conhecimento do povo fiel amadurecesse... Mas quando o Cristo pôde ser apontado com o dedo, foi aberta a porta do reino de Deus. De fato, nele estão expostos todos os tesouros de sabedoria e entendimento [Colossenses 2:3] pelos quais quase se penetra na própria cercania celeste."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 5)
 
"Agora, expliquemos a comparação do apóstolo por partes. O Antigo Testamento é literal, porque promulgado sem a eficácia do Espírito. O Novo, espiritual, visto que o Senhor o insculpiu no coração dos homens."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 8)

"... Se um camponês prescreve à sua família ofícios de inverno diversos dos de verão, não o acusemos por isso de inconstância, ou consideremos que se desvie da correta regra da agricultura que está unida à perpétua ordem da natureza... Que ele tenha mudado a forma e o modo exterior, não mostra que seja sujeito à mutação, mas em que medida se adapta à capacidade dos homens, que é variada e mutável."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 13)
 
"... Se um médico curar, por um método excelente, a um jovem da doença e, depois, já estando o paciente velho, o médico usar para ele outro tipo de cura, dizemos por isso que o médico repudia agora o método que antes lhe agradara? Ainda que persista naquele método, leva em conta a idade. Assim era preciso que Cristo, enquanto ausente, fosse figurado por outros signos como prenunciado e como o que haveria de vir, e que, agora, já revelado, seja representado por outros."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 14)

06 novembro 2013

Institutas 15

"... A aliança com todos os Patriarcas tanto não difere em nada da nossa, quanto à substância e à realidade, que elas são absolutamente uma e a mesma, ainda que variem quanto à administração."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo X, parágrafo 2)

"... O que, de fato, seria mais absurdo que Abraão, sendo o pai de todos os fiéis, não ter lugar certo entre eles? Com efeito, Abraão não pode ser retirado do número, ou melhor, do grau mais digno de honra sem que toda a Igreja seja abolida."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo X, parágrafo 11)

"... Eis por que Ele certamente não dissimula que, se os fiéis fixassem os olhos no estado presente das coisas, haveriam de ser abalados por uma gravíssima tentação, como se não houvesse nenhuma graça ou mercê da inocência junto de Deus, a tal ponto prospera e floresce para muitos a impiedade, enquanto a nação dos fiéis é premida pela ignomínia, pela pobreza, pelo desprezo e por todo gênero de cruzes."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo X, parágrafo 16)

"... Por isso, no início, quando a primeira promessa de salvação foi dada a Adão, saltaram como que centelhas tênues; depois que se deu a aproximação, maior amplitude de luz começou a se erguer, que emergiu mais e mais, e exibiu seu mais amplo fulgor até que por fim, todas as nuvens dissipadas, Cristo, o sol da justiça, iluminou plenamente todo o orbe terrestre."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo X, parágrafo 20)

"... De fato, o Senhor Cristo não promete hoje aos seus um reino dos céus diferente daquele em que se reclinarão com Abraão, Isaac e Jacó [Mateus 8:11]."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo X, parágrafo 23)
 

04 novembro 2013

Aprendizado piedoso 78

"O Mediador"

ETERNO PAI CRIADOR,
Tenho destruído a mim mesmo,
minha natureza está corrompida,
as forças da minha alma estão degradadas;
sou vil, miserável, fraco,
mas minha esperança está em ti.
Se eu for salvo será por assombrosa e imerecida bondade,
 não pela misericórdia somente mas pela transbordante misericórdia
 não pela graça mas pela abundante riqueza da graça;
E assim tu tens revelado, prometido, demonstrado
 em pensamentos de paz, não de mal.
 Tu tens providenciado meios
 de socorrer-me da perdição do pecado,
 de restaurar-me a felicidade, honra, segurança.
Te bendigo pela aliança eterna,
 porque apontaste um mediador.
Regozijo porque ele não falhou, nem voltou atrás,
 mas completou a obra que tu lhe deste a fazer;
 e disse sobre a cruz: ‘Está consumado.’
Exulto em pensar que
 tua justiça está satisfeita,
 tua verdade estabelecida,
 tua lei magnificada,
 e o fundamento da minha esperança está posto.
Olhando para Cristo com um interesse pessoal e presente, digo:
 De fato ele suportou minhas mágoas, carregou minhas tristezas,
 conquistou minha paz, sarou minha alma.
Justificado por seu sangue, sou salvo pela sua vida,
Gloriado em sua cruz, me prostro perante seu cetro,
Tenho seu Espírito, possuo a sua mente.
 Senhor, concede que minha religião não seja ocasional e parcial,
 mas universal, influente, efetiva,
 e que eu possa sempre permanecer em tuas palavras e obras,
 até chegar em paz ao meu fim.

Extraído de: The Valley of Vision: A Collection of Puritan Prayers & Devotions, editado por Arthur Bennett. Tradução: Márcio Santana Sobrinho.
Fonte: monergismo.com