Translate

Print Friendly and PDF

08 novembro 2013

Institutas 16

"... Se a alguém interessar, podemos ainda dar esta definição: que o Antigo Testamento do Senhor era apresentado envolto numa observação obscura e ineficaz das cerimônias e, por isso mesmo, tinha caráter temporário, estando como que em suspenso até que, apoiado por uma confirmação firme e substancial, fosse enfim feito novo e eterno, depois de consagrado e estabelecido pelo sangue de Cristo. Donde o Cristo chamar o cálice que oferece na Ceia aos discípulos de 'cálice do Novo Testamento em seu sangue' [Mateus 26:28], significando que constasse sua verdade, pela qual o Testamento de Deus se fez novo e eterno ao ser selado com o seu sangue."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 4)

"... Por isso, Paulo marca essa tenuidade do entendimento com a palavra 'puerícia', a qual o Senhor quis que exercitassem com os elementos deste mundo e com pequenas observações exteriores, como se fossem regras de uma disciplina infantil, até que brilhasse o Cristo, por intermédio de quem seria preciso que o conhecimento do povo fiel amadurecesse... Mas quando o Cristo pôde ser apontado com o dedo, foi aberta a porta do reino de Deus. De fato, nele estão expostos todos os tesouros de sabedoria e entendimento [Colossenses 2:3] pelos quais quase se penetra na própria cercania celeste."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 5)
 
"Agora, expliquemos a comparação do apóstolo por partes. O Antigo Testamento é literal, porque promulgado sem a eficácia do Espírito. O Novo, espiritual, visto que o Senhor o insculpiu no coração dos homens."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 8)

"... Se um camponês prescreve à sua família ofícios de inverno diversos dos de verão, não o acusemos por isso de inconstância, ou consideremos que se desvie da correta regra da agricultura que está unida à perpétua ordem da natureza... Que ele tenha mudado a forma e o modo exterior, não mostra que seja sujeito à mutação, mas em que medida se adapta à capacidade dos homens, que é variada e mutável."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 13)
 
"... Se um médico curar, por um método excelente, a um jovem da doença e, depois, já estando o paciente velho, o médico usar para ele outro tipo de cura, dizemos por isso que o médico repudia agora o método que antes lhe agradara? Ainda que persista naquele método, leva em conta a idade. Assim era preciso que Cristo, enquanto ausente, fosse figurado por outros signos como prenunciado e como o que haveria de vir, e que, agora, já revelado, seja representado por outros."
(João Calvino, Livro 2, Capítulo XI, parágrafo 14)