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28 janeiro 2014

"Sete dias que dividem o mundo"

Alguns trechos e citações traduzidos do livro "Seven Days That Devide the World", de John C. Lennox. Recomendo a leitura completa do livro.

Apêndice E, intitulado “Evolução teística e o Deus das lacunas (God of the gaps)”
Subtítulo do apêndice E: A Matter of Information (“Uma questão de informação”)

“O problema é que a própria natureza da vida, por si própria, milita fortemente contra uma teoria puramente naturalística para a origem da vida. Há um imenso abismo entre algo vivo e algo inanimado, que não é uma questão de tipo ou de grau (ou nível). É como o abismo entre os materiais brutos do papel e da tinta, de um lado, e o produto acabado de algo escrito no papel, de outro lado. Materiais brutos não se auto-organizam em estruturas linguísticas. Estas estruturas não são fenômenos emergentes, no sentido de que elas não aparecem sem uma entrada (alimentação) de inteligência.”
“Processos naturais não guiados não geram a informação (do tipo ‘linguagem’) encontrada em RNA e DNA [A ordem que surge a partir de cenários de auto-organização está em uma categoria diferente. Ver o livro “God’s Undertaker”, 129ff]. Na verdade, mesmo que processos naturais não guiados produzissem uma máquina (tal suposição é certamente essencial para a crença ateística), esta máquina ainda não poderia criar qualquer nova informação. Léon Brillouin, no seu trabalho clássico sobre teoria da informação, escreveu: ‘Uma máquina não cria nenhuma nova informação, mas ela executa uma transformação bastante útil de informação conhecida’ [Léon Brillouin, Science and Information Theory (New York: Academic Press, 1962)].”
“Paul Davies pergunta: ‘Pode a aleatoriedade específica (conceito técnico usado em conexão com informação) ser o produto garantido de um processo determinístico, mecânico, semelhante a lei, como uma sopa primordial deixada à mercê de leis físicas e químicas familiares? Não, não pode. Nenhuma lei conhecida poderia alcançar isto – um fato da mais profunda significância.’ Contudo, as alegações feitas são no sentido de que tal processos não apenas criaram informação, mas também criaram a criatura que pode criar informação. Absolutamente, NÃO! Considerações científicas à partir da teoria da informação apontam exatamente na direção oposta, diretamente para um ato especial, inteligente e criativo como a única solução verossímil para a questão da origem da informação na vida biológica.”
“E isso nos leva de volta para a afirmação de Paul Davies que 'a idéia de que Deus age aos trancos e barrancos, movendo átomos em ocasiões estranhas, em concorrência com as forças naturais, é uma imagem decididamente pouco inspiradora do Grande Arquiteto'. Em primeiro lugar, a idéia de que o Deus que inventou as forças naturais poderia estar em competição com elas soa contraditória. O que dizer, então, sobre a questão de Deus movendo átomos? Leonardo da Vinci também pode nos ajudar aqui. Nem a mente nem a informação são uma substância material. Contudo, a informação conceitual na mente de Leonardo moveu os átomos da sua mão, que moveram os átomos do pincel, que moveram os átomos da tinta, que produziu suas obras-primas. Nenhum destes movimentos estiveram em competição com forças naturais. Pelo contrário, eles envolveram forças naturais direcionadas pela mente. Agora, Deus é Espírito, e não material. Portanto, como Deus moveu átomos (ou, ainda, os criou) para criar o universo, e moveu átomos para levantar Jesus dos mortos, isto significa que Davies se enganou. Seria uma ‘imagem não inspiradora’ do Criador não creditar a Ele o movimento dos átomos na origem da vida e na criação da sua obra-prima – os seres humanos, feitos à Sua imagem de tal forma que suas mentes também poderiam mover átomos.

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Uma palestra do autor (John C. Lennox), sobre este assunto, em inglês, pode ser encontrada neste link.