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26 abril 2014

Institutas 22

“Quanto ao que se diz, que Deus purifica sua Igreja de todo pecado e que promete a graça de sua libertação por meio do batismo e que a completa em seus eleitos (Ef 5:26-27), referimo-nos mais à acusação do pecado que à matéria dele. É certo que Deus faz isso ao regenerar os seus, para abolir neles o reino do pecado (pois lhes subministra a virtude do Espírito dele, com a qual se tornam superiores e vencedores na luta); mas o pecado somente deixa de reinar, não de habitar. Por isso dizemos assim: o homem velho é crucificado e a lei do pecado está abolida nos filhos de Deus, de tal maneira, no entanto, que neles resta resquícios do pecado (Rm 6:6), não para dominá-los, mas para humilhá-los com a consciência de sua debilidade.”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo III, parágrafo 11)

“... E igualmente também na homilia 41 sobre João, onde fala sem temor do fundo do coração: 'Se na carne serves à lei do pecado, faz o que o próprio apóstolo diz: "não reine pecado em vosso corpo mortal, para que não obedeçais a seus desejos" (Rm 6:12). Não diz "não haja", mas "não reine". Enquanto viveres, necessariamente há de haver pecado em teus membros, mas ao menos tire-lhe o reino e não se faça o que ele manda' [Agostinho, In Ioh., tract. 41, 12 MSL 35, 1698].”
(João Calvino, Livro 3, Capítulo III, parágrafo 13)

“... Os fiéis sabem muito bem, por experiência, que tipo de pena é o pudor, a confusão, o gemido, o desgosto de si e os demais afetos que nascem do reconhecimento sério de nossos delitos. Lembremo-nos, não obstante, de que se deve ter medida, para que a tristeza não nos consuma, porque não há coisa a que as consciências inquietas mais estejam expostas do que cair em desespero.”
"... Mui útil é, a propósito desse tema, a admoestação de Bernardo: 'A dor por causa do pecado é necessária, contanto que não seja contínua. Aconselho-vos a que, de vez em quando, volteis as costas à recordação incômoda e dolorosa de vossos caminhos e vos retireis para a serena planície da memória dos benefícios de Deus. Mesclemos mel ao fel, para que o saudável amargor possa dar-nos saúde, quando for bebido temperado com a doçura misturada. E se provais o que é vosso na humildade, senti também o que é de Deus, na bondade' [Bernardus Cl., In cantica serm. 11, 2 MSL 183, 824 D, 825 B]."
(João Calvino, Livro 3, Capítulo III, parágrafo 15)